sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A beleza de Órion vista de dois hemisférios diferentes

Cenas captadas pelo astrofotógrafo iraniano Babak Tafreshi mostram a constelação de Órion como vista nos dois hemisférios. Crédito: Nasa/Apod/Babak Tafreshi/Twan/Apolo11.com
(Apolo11) Em gramática, a palavra constelação significa o coletivo de estrelas, mas para os astrônomos é uma região do céu composta de qualquer objeto celeste, mesmo que não tenha qualquer relação entre si, bastando estar na mesma área quando vistos da Terra. Ao todo existem 88 constelações, sendo 44 no hemisfério norte e 44 no hemisfério sul, com algumas delas visíveis em ambos os hemisférios.

Por estarem próximas à linha do equador terrestre, as constelações visíveis nos dois hemisférios recebem o nome de equatoriais e entre as mais conhecidas estão Órion, Cão Maior, Cão Menor e Pégasus, entre outras. De todas elas, a mais familiar é sem dúvida a constelação de Órion, onde desde pequenos aprendemos a reconhecer as "Três Marias", inseridas dentro de um grande retângulo.

Acima das Três Marias - Mintaka, Alnilam e Alnitak - a constelação abriga a nebulosa M42. Distante 1500 anos-luz da Terra, a nebulosa é uma gigantesca região de formação estelar, onde enormes massas gasosas são submetidas a altíssimas pressões e temperaturas e começam a brilhar, dando origem a novas estrelas.

Apesar da constelação e dos objetos em seu interior serem os mesmos e praticamente imóveis, a constelação não é vista da mesma maneira nos dois hemisférios e à medida que nos afastamos da região equatorial os objetos em seu interior mudam de posição. Em alguns casos a diferença é tanta que tudo em seu interior parece estar invertido.

A imagem acima mostra claramente o fenômeno, retratando o céu noturno em duas regiões diferentes do planeta. Apesar de ambas as cenas terem sido feitas no mês de dezembro, a constelação de Órion aparece totalmente invertida em cada um dos hemisférios. À imagem da esquerda foi feita no hemisfério sul, em uma praia da Ilha de Bruny, na costa da Tasmânia, na Austrália, enquanto a cena da direita retrata o mesmo céu visto a partir das montanhas Alborz, no norte do Irã, no hemisfério norte.

Nas cenas, a inversão é quase absoluta. A nebulosa M42, que para nós no Brasil aparece acima das Três Marias, é vista no hemisfério norte acima delas. O longo braço horizontal que liga Belatrix ao outro grupo de estrelas aparece também completamente invertido em ambas as fotos.

Experimente!
Apesar de apresentarem essa inversão aparente devido à diferença de latitude em que as fotos foram feitas, nenhuma das estrelas de fato mudou de posição, mas sem dúvida nos proporcionou uma interessante observação a partir de um ponto de vista diferente do habitual, tornando a constelação de Órion ainda mais bela.

Se você quiser ver a constelação de Órion da mesma forma que os moradores do hemisfério norte, a notícia é boa e não precisará gastar nenhum dinheiro para isso. Basta ficar de cabeça para baixo e contemplar o céu. O problema é que seus vizinhos e amigos poderão achar que você não anda muito bom da cabeça, mas isso não fará a menor diferença. Bons céus!

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